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A princesa e o... A cavaleiro?!

  • Angelis
  • 7 de mai. de 2017
  • 25 min de leitura

Bem vindos, à mais um passeio na nossa cara máquina do tempo chamada cérebro! Hoje, meu caros nobres, venho com muita audácia contar-lhes a história de duas jovens muito avançadas para tal a época que viviam mas que em uma noite conseguiram ficar para a história...

Era uma noite calma no vilarejo, porém muito agitada no castelo. A princesa Júlia seria coroada rainha no dia seguinte, pois estava finalmente completando seus tão sonhados dezoito anos, e como era a única herdeira da rainha Erica, a justa, assumiria todo o seu reino e propriedades. Porém, a princesa teria a árdua tarefa de encontrar um príncipe com o qual reinaria o resto de sua vida e traria seus próprios herdeiros ao mundo. O que a princípio seria fácil para a sua fiel dama de companhia, Natasha, encontrar o príncipe que toda moça espera encontrar um dia não era uma tarefa assim tão simples para ela. Mas convenhamos que ela nunca foi lá de desistir. Bom, mas voltemos ao foco: A noite prévia à coroação.

Algumas semanas antes a rainha Erica decidiu que tanto antes como depois da coroação de sua filha deveria haver um baile. O primeiro para que ela conhecesse os príncipes e princesas dos reinos próximos e os nobres das cortes de todas as famílias, e o segundo para comemorar a nova monarca do reino dos Altos morros. E, além destes, ela planejava um terceiro. Porém com a data ainda indeterminada, pois seria o grande dia de anunciar quem seria o príncipe que foi digno o bastante de conquistar o coração da belíssima princesa Júlia. A noite em questão... é a noite das apresentações...

8 de Julho de 15xx (século XVI)

Cá estamos, na calma e tranquila vila dos morros. Bom, deixemos a vila de lado, foquemos na princesa. Era uma noite bem animada no castelo, muito mais animada que de costume, afinal, todos os reinos próximos haviam enviado seus primogênitos na linha de sucessão e a maioria de seus nobres e vassalos. E quanto a senhorita Júlia, talvez apenas duas palavras pudessem descrevê-la num momento como aquele: desesperadamente nervosa. Muito sorrateiramente ela e Natasha iam de um lado a outro do salão usando as altas plataformas do palácio para ir sem serem notadas, enquanto iam tentando navegar pelo mar de nomes que aquele enorme salão podia esconder. Júlia via, olhava, admirava alguns mas ao ver um pouco mais de perto com as lentes que o seu amigo estudioso, Yan, lhe dera, ela percebia que não era exatamente o que gostaria de ver em alguém que iria passar o resto da vida por perto.

Primeiro foi com o príncipe Guilhermino, "Ele pode ser bonito e aparentar algo raro de se encontrar, minha senhora... mas ele é perigoso. Já soube de várias moças que ele usou apenas para ter prazer e as violentou drasticamente até deixá-las praticamente em leito de morte. Não lhe desejo isso, minha ama." avisara Natasha. E achando que era um exagero da parte de sua companheira, decidiu dar uma chance ao rapaz. "Anote este nome, pretendo conversar com ele, descobrir quem é este por trás da máscara." e continuou seu caminho, observando os candidatos e vez por outra se perdendo e acabava olhando nas damas e na maneira gentil que todas eram mais delicadas e baixinhas, obrigando a pobre Natasha a obrigá-la a seguir o foco da ideia para que pudessem descer e analisar calmamente cada um dos homens. Depois ela demonstrou uma queda pelo Sr. Victoriano, um jovem conde com um comportamento de cavalheiro, mas a jovem e informada Natasha também a avisara deste: "Sim, madame, este parece ser calmo, amoroso, sensível e não espanca as moças... mas ele é terrivelmente ciumento, e já é viúvo por conta disso!" mas novamente, a princesa mal escutou os conselhos de sua pequena dama de companhia.

Ainda observou alguns rapazes, mas não tomou muito interesse. E decidiu que estava na hora de dar as caras e começar a conhecer os rapazes os quais havia anotado os nomes. Ela desceu num lindo vestido bufante, o qual havia preparado para aquele baile, para impressionar a todos no salão. E foi exatamente o que conseguiu. Era a mais linda de todo o salão, que dirá de todos os 7 reinos ali reunidos! E como era o caso, ao chamar a atenção de todos no salão, os dois nomes anotados, se tornaram pessoas que logo se dispuseram em frente à princesa ajoelhados, se apresentando e beijando sua mão, e depois se levantando rapidamente, como que para demonstrar que o respeito existe, mas "continuo sendo um homem, e eu mando em tudo". Começou então à se envolver com o príncipe, mas logo depois de um curto período de tempo, mesmo ainda sentindo atração física por ele, ela notou que se continuasse aquilo, poderia ir parar na cama, mas que não acordaria se sentindo bem no dia seguinte. E foi falar com o conde.

O conde, muito pelo contrário do príncipe, era amável, charmoso, delicado e cuidadoso. Demonstrava cuidado e amor com a princesa, e assim continuaram a se cortejar até o dia seguinte algum tempo antes da coroação, quando a princesa saíra para conversar e pedir ajuda à sua cara Natasha e ao seu caro amigo Yan. Quando ele teve um ataque de ciúmes em que jogou o pobre Yan no chão e começou a espancá-lo, até que a guarda real o deteve e o levou para o mais longe possível deles. "Ora essa, Natasha... eu devia ter-lhe escutado. Quando eu finalmente chego a gostar de alguém, essa pessoa consegue estragar tudo ou quase me matar! Que faço eu com este pobre e solitário coração? Não posso reinar sozinha, não atualmente!" a princesa falava num tom desanimado, dando a ideia de que achava que ficaria sozinha para sempre ou que teria que casar-se com algum príncipe metido que aparecesse com uma boa linhagem apenas para manter as aparências do tradicional.

Ela continuava num tom cabisbaixo até mesmo durante a celebração de sua posse do trono, andava sozinha pelo salão em busca de algum dos serviçais lhe dessem mais vinho, ou alguma comida, quando muito por acaso acabou batendo de cara com uma moça, mas uma moça diferente do costumeiro padrão. Ela era alta como um homem, vestia-se como um, e mantinha o cabelo curto como tal, mas tinha a serenidade no olhar de uma dama, além do corpo de uma. Quem era ela? "Oh, queira me perdoar, senhorita." disse a mesma ajudando Júlia a manter-se de pé depois do encontro desastroso e se ajoelhando logo em seguida e beijando sua mão. "Permita que eu me apresente. Sou conhecido como Sir. Bruno, da família di Herrero, o estrategista." disse a moça se explicando de um modo tímido.

A princesa ficou sem reação. Bruno? Família di Herrero? Uma mulher com título de cavaleiro? E como ela nunca a tinha notado antes? Como ela nunca havia percebido tal figura? E por que seu coração batia forte ao ficar perto dela? "Ah, não tem problema... Sir. Bruno. A propósito, eu gostaria de conversar com o senhor, se puder me reservar um pouco de vosso tempo." pediu Júlia com um ar curioso, e como não estava nem um pouco ocupada, e estava muito mais do que focada na princesa, aceitou sem relutância alguma ter sua conversa com a tão bela dama. Depois de longas horas de conversa nos jardins do castelo, a princesa apenas interrompeu sua conversa por perceber que os convidados já estavam a ir embora para suas respectivas estadias, o que significava que o baile havia terminado. "Ora essa... não sinto como se tanto tempo houvesse se passado. Bom, creio que este é meu sinal para deixá-la em seu castelo em segurança." Bruna, que havia admitido ser uma mulher, falava num tom dócil e calmo, disfarçando sua ansiedade para continuar a conversa ou talvez ao menos ter a certeza de que veria a princesa novamente.

E Júlia apenas mantinha essa mesma ansiedade, mesmo depois de tanto tempo conversando, elas ainda tinham assunto, muito assunto à conversar. Tanto, que no dia seguinte, Júlia se disfarçou de camponesa para poder sair com Bruna novamente. E no outro dia também, e assim foi durante vários meses. Ninguém estranhava vê-las tão próximas, andando de mãos dadas e tudo o mais, afinal Bruna era sempre confundida com um homem adulto, mesmo sendo mais nova que a princesa um ano. Sua aparência física com poucas curvas e ombros largos junto com seu jeito masculinizado, a tornava um rapaz aparentemente comum para a época. Tanto que era completamente conhecida por Bruno, por acharem que era um homem e quando se apresentava as pessoas achavam que haviam escutado um "a" em seu nome por engano, e assim ela ficou tida como homem desde a infância. E elas continuavam ficando mais próximas, mais íntimas, passando dias inteiros conversando, e mesmo quando não estavam juntas, uma ocupava completamente o espeço na cabeça da outra. Júlia se perdia em meio aos discursos ao lembrar do modo como Bruna mordia incessantemente o lábio e Bruna se perdia no meio dos bosques ao lembrar do jeito que Júlia sorria, ou do seu tom de voz doce.

Elas acabaram se apaixonando, e um dia, enquanto descansavam sentadas próximo ao lago, elas se entreolharam e não resistiram a vontade de se entregarem uma aos braços da outra. Júlia puxou Bruna para um beijo, e assim ficaram por um tempo. Depois daquele dia, a vontade de se ter por perto apenas aumentava, aumentava de forma intensa. Antes, se viam uma ou duas vezes na semana, depois daquele dia se viam todos os dias, não conseguiam ficar muito tempo sem se ver. Até que chegou um dia que marcaria para sempre a vida das duas, que já vinham namorando a três meses...

"Júlia, minha filha, eu imagino que você vêm andando muito ocupada ultimamente. Raramente lhe vejo pelos corredores. Mas está na hora de decidir com quem você quer casar, não acha?" sua mãe falou num tom sério durante o jantar "Quero dizer, já fazem quatro meses desde que você conheceu todos os rapazes dos sete reinos, está na hora de tomar uma decisão. Você sabe que de acordo com as leis antigas você não pode reinar sozinha sem nunca ter tido um marido." Júlia estremeceu. Ela não queria casar-se nas regras da mãe, pelo simples fato que ela já estava apaixonada. Mas como explicar que: Primeiramente foi a uma mulher que ela entregou seu coração, e depois que de nobre tinha apenas o título. Bruna gostava de coisas simples, ela mesma ia catar as frutas que gostaria de comer. Daquele romance, apenas Natasha e Yan sabiam, pelo menos por parte do castelo. Por parte da vila, a completa verdade apenas o irmão de Bruna, Jonas, tinha conhecimento, já que os pais de Bruna haviam morrido dois anos antes.

Com medo, ela disse que precisava conversar com a mãe. Não tinha para onde fugir... Explicou-se calmamente que ela já estava com alguém, mas que não era bem o que sua mãe esperava, às vezes nem ela mesmo acreditava que estava num romance tão forte, tão profundo com alguém. Ela contou como se conheceram, como têm convivido nos últimos meses, e foi dando os detalhes sobre Bruna, sobre sua companhia, sobre seu título de cavaleiro... até finalmente chegar no ponto que esperava a pior surpresa vinda de sua mãe: "Ah, mãe, eu me apaixonei por essa pessoa. Mas, não acho que a senhora aceitaria, porque... mesmo com título de cavaleiro, er... essa pessoa é uma menina." ela falou desviando o olhar. Sua mãe se levantou seria de sua cadeira, e a pediu que a acompanhasse, seguiram até os aposentos de Erica e então ela a mandou sentar-se e se explicar mais detalhadamente.

Júlia explicou toda a história novamente, contando tudo, até seu primeiro beijo com a moça. Contou que ela era cavaleiro, e que todos na vila achavam que era um menino, que sustentava seu irmão mais novo com o que ganhava como tal, e que mesmo tendo uma boa quantia de dinheiro, ela e seu irmão tinham uma vida simples. Nenhum criado ou servo, eles que arrumavam, limpavam e cozinhavam, não viviam de luxo ou com qualquer exuberância. Erica penava acreditar que sua filha, a única que poderia passar a diante o sangue da família, a que ela ensinava desde jovem que deveria se casar com um bom rapaz e ter filhos, estava indo para um caminho que tanto não traria continuidade ao sangue como era proibido para a época, ou como ela mesmo já ouvira: "Em nome de Deus, está proibido qualquer ato sexual ou amoroso que não seja com propósito de continuar a vida! MORTE AO HOMOSEXUALISMO! ESSA OBRA DO PECADO E DO DEMÔNIO!"

Por mais que seu único desejo fosse a felicidade de sua filha, Erica estava com medo. Não medo de sua filha, desde que ela ficasse feliz, isso era o que importava, mas estava com medo por ela. Júlia se mantinha confiante, já que ninguém conhecia Bruna como uma mulher, mas Erica não parava de pensar em tudo o que elas enfrentariam se descobrissem, ou se começassem a estranhar que Júlia não engravidava. Foi então que Erica teve uma ideia que as salvasse, mas teriam que planejar isso muito bem, e esse plano não dependia apenas do consentimento de um lado, Bruna precisava saber também do que essa tática se tratava. "Vamos combinar assim, minha filha: Chame esse seu tão nobre cavaleiro mas não deixe que mais ninguém descubra que é uma mulher, e então, depois que eu a conhecer, lhes contarei minha ideia para que consigam viver suas vidas juntas e em paz." disse Erica enquanto se levantava e ficava de frente para a porta, e enquanto abria terminou de dizer: "Cuidado, minha filha, não deixe que descubram... as consequências são severas"

Então ela saiu, se esgueirando como de costume e foi buscar sua amada para que conhecessem o tal plano que sua mãe tinha pensado. Júlia a encontrou no campo de treino, destruindo vários bonecos de treino com as próprias mãos, e ela ficou assistindo aquilo enquanto se perdia em sonhos e devaneios. Até que parou de imaginar a vida perfeita e decidiu ir falar com ela, e foram caminhando lado a lado pelas ruas até a casa de Bruna. Quando chegaram, Jonas as recebera e pediu para Júlia se sentar enquanto ele preparava alguma comida para eles, e então, ela aproveitou que estava a sós com Bruna e contou o que havia acontecido no castelo aquele dia. "Er... eu vou c-conhecer s-sua m-m-mãe?" Bruna disse gaguejando e indo de um lado a outro da pequena sala de sua casa "E-eu não sei se estou pronta para tal honra, quer dizer, é a sua mãe, mas ela não deixa de ser a rainha e sim, você é o amor da minha vida, mas POR DEUS É A RAINHA E ELA SABE QUE EU TE BEIJEI! Como eu vou me apresentar a ela? E se ela não gostar de mim? Afinal eu estou acabando com a sua linhagem e..." nesse momento Júlia que já estava de pé a sua frente a beijou, a silenciando de vez. Depois que se afastaram, ela ainda ficou mirando em seus olhos por alguns segundos antes de falar sorrindo "Tudo ficará bem, e depois, como nos casaríamos sem a bênção de minha mãe?" passou-se algum tempo de silêncio até Jonas aparecer e então começarem a planejar a conversa com a rainha Erica, que estava praticando a mesma conversa enquanto repassava seu plano.

Depois de tomar um banho e preparar-se, tanto física quanto psicologicamente, Bruna e Júlia saíram em direção ao castelo, montadas em Spiritus, o corcel negro de Bruna, e acompanhadas por Jonas até uma certa parte do caminho. A cada passo mais próximo do palácio mais nervoso o casal ficava, Júlia por não saber a reação da mãe, muito menos seu plano, e Bruna porque... bem, era muito provável que se não agradasse a mãe de sua amada, no mínimo seria executada. Quando finalmente chegaram, foram guiadas até uma pequena sala de estar onde Erica costumava conversar sobre negócios com os governantes dos outros reinos. Assim que entram, Erica calmamente sinaliza para os serviçais as deixassem a sós e alguns minutos depois que trancaram a porta, ela começou a conversa: "Então, Júlia... apresente a sua... pretendente." ela falou olhando as duas de braços dados. "Bom... er..." Júlia começou e olhou um pouco nervosa para Bruna, que devolveu o olhar. "Com licença..." interrompeu Bruna ganhando alguma confiança e aumentando, consequentemente, seu jeito masculinizado "Me desculpe, mas... creio que o correto seja que eu ME apresente, afinal, sou eu que tanto desejo pedir a mão de vossa filha em casamento." e foi falando assim, de cabeça erguida e tomando ar nos pulmões que começou a conversa com Erica.

"Pois bem. Conte-me, ó cavaleiro. Impressione-me e serás digno da mão de minha filha e poderás saber meus planos. Falhe, e pode esquecer suas ideias com ela" nesse momento Bruna teve um momento de trava, mas então respirou fundo e seguiu contando sobe si, sobre sua família e sobre suas aventuras e guerras já travadas. Arriscou até a mostrar uma cicatriz que tinha na batata da perna esquerda, que conseguiu durante uma batalha contra invasores do império do sul. No começo Erica até arriscaria dizer que era como um cavaleiro comum, até ouvir da batalha contra os do sul, pois mesmo tendo saído vitoriosa, a maioria de seus soldados morrera em campo ou desertaram por ferimentos fortes, mas Bruna não, ela seguiu, mesmo com um enorme pedaço de madeira cravado em sua perna, não desistiu de lutar. Talvez essa tenha sido uma das mais surpreendentes coisas que ela poderia esperar de uma mulher que fingia-se de homem para sustentar a si e ao irmão e mesmo ganhando várias moedas de prata e de ouro, preferia viver uma vida simples, como um camponês.

E tendo provado seu valor, Bruna foi tida como digna de ter a mão de Júlia, mas agora era a parte mais complicada: o plano a se seguir. "Bom, minhas caras..." começou Erica "ou lhes contar meu plano, parte por parte, e quero que não me interrompam até que eu permita." e ela começou a detalhar sua ideia: "Então, como sabemos, e é bem óbvio, a senhorita Bruna não pode engravidar lhe, minha filha. E como sabemos, temos que dar continuidade ao nosso sangue. Vejam bem, a coisa é até que simples: Bruna, você realmente não tem nenhum parente próximo homem?" ela perguntou olhando muito séria "Não..." ao ouvir ela pensou um pouco e disse "certo... talvez as coisas tenham se complicado um pouco. Bem, temos que achar um nobre, ou um rapaz muito parecido com você, Bruna. Júlia tem que engravidar, se não, desconfiarão de vocês e os senhores do clero tem total liberdade perante Deus de questionar e examinar o que quiserem até mesmo em nós, sangue azul." Depois de escutar a ideia Júlia ficou pasma pelo plano louco da mãe, e quando ela ia falar algo, olhou para Bruna, que estava cabisbaixa e disse "Não tem outra saída, Rainha?"

Erica tinha um certo orgulho, mas se controlou. Como assim um cavaleiro que nem homem de verdade era estava questionando as vontades de uma rainha? Mas sabendo que era uma jovem apaixonada e que talvez tivesse um certo grau de ciúme, relevou. "Bom, senhorita... sim, há outras duas saídas: A primeira é que eu diga que vocês foram em uma busca, conhecer e conquistar outros reinos e vocês fujam... ou..." ela fez uma pausa e abaixou a cabeça, Bruna logo percebeu que isso não era uma boa notícia, Júlia ficou observando temerosa "ou, é melhor dizerem adeus... porque essa relação de vocês pode acabar em morte, para ambos os lados e para todos os que tinham conhecimento disto." Erica soltou de uma vez, sem olhar diretamente para nenhuma das duas. Assim que soltou a bomba, se levantou, agradeceu a conversa e disse que aguardava pela escolha das duas o quão antes possível e saiu, fechando a porta atrás de si, sem dizer mais nem uma palavra.

As duas se entreolharam, sem reação. Júlia começou a chorar, dizendo que não queria se separar de Bruna nunca mais, mas também não podia abandonar seu reino muito menos deitar-se com outra pessoa que não fosse sua amada, Bruna tentou manter-se mais séria, abraçou sua noiva e tentou consolá-la enquanto pensava em alguma saída... o problema, é que mesmo tendo se passado algum tempo, não conseguiu pensar em nada. Já estava perto de anoitecer quando Bruna ia sair. Júnia a convidou para passar a noite, mas Bruna tinha de cuidar de Jonas, e foi para casa, cavalgando devagar, triste e pensativa. Antes de ir para casa, passou no velho ferreiro, buscou Jonas e foram caminhando enquanto ele ia puxando Spiritus, ela foi contando como foi a conversa com a rainha. Passaram no padeiro, compraram alguns ingredientes e algum pão que sobrou do longo dia de pedidos e antes de ir para casa, pararam no lago onde Júlia e Bruna deram o primeiro beijo e costumavam conversar. Sentaram e enquanto conversavam iam comendo seu jantar. Estavam conversando tranquilos, Spiritus comia uma maçã quando escutaram um barulho e viram alguém se aproximar na escuridão.

"ALTO!" Bruna sacou rapidamente a espada e gritou. A sombra parou de se mover e levantou as mãos, abaixando o capuz "Quem vem lá? Aproxime-se devagar." ela disse dando um passo adiante. Assim que a figura saiu da sombra das árvores e se clareou pela luz da lua e da pequena fogueira que Jonas montou, Bruna jogou a espada no chão e correu para abraçar a pessoa que agora se revelara ser Júlia. "MEU AMOR!! O que está fazendo aqui? É perigoso à essa hora ficar fora do castelo sem nenhuma segurança! Ainda mais andando entre as árvores!" Bruna dizia com um ar preocupado enquanto examinava Júlia de cima a baixo para garantir que não haviam ferimentos "Ei calma... Bruna... BRUNA!" Júlia gritou segurando o rosto de Bruna com as duas mãos "Calma! Eu estou bem!" ela responde rindo e olhando nos olhos desesperados da outra. Então se aproximou, encostou sua testa na dela e disse "Eu estou bem. Apenas precisava vir tomar uma decisão contigo." e a beijou. Jonas riu do desespero da irmã e perguntou de Júlia queria um pouco de pão ou de carne, mas ela negou. Apenas se aproximou e se sentou ao lado de Bruna.

"Júlia... sua mãe não estanhou você sumir à esta hora?" Bruna questionou enquanto tirava seu manto e cobria Júlia, que foi se aninhando em seus braços. "Ah, Bruna... então... ela não estranhou... até porque foi ela quem deu a ideia." Jonas e Bruna se entreolharam e olharam para Júlia com cara de surpresos e confusos, esperando por uma resposta que fizesse sentido. Então ela abafou uma risada e se aconchegou ainda mais nos braços de Bruna, que já estava começando a ficar desconfiada com toda essa calma por parte dela. "Depois que você saiu, eu fui para meu quarto, e fiquei na cama, caída em lágrimas. Eu não posso te perder, meu amor, simplesmente não posso. E você não sabe o quanto eu chorei por isso..." e ela a encarava com os olhos marejados e um sorriso enorme no rosto "mas minha mãe ouviu. E ela odeia quando eu estou chorando... então, ela me deu instruções que deveriam ser seguidas a risca." ela falava hora olhando para o chão, hora tentando olhar diretamente para Bruna. "...Certo, mas... quais foram as ordens de sua majestade?" Júlia levantou a vista, olhou no fundo dos olhos de Bruna, e sorriu enquanto limpava os caminhos que as lágrimas deixaram em seus olhos, chegou mais perto dela e disse "Tomem uma decisão em três dias, mas para tomar com certeza essa decisão... vocês precisam conviver mais do que algumas horas por dia. Então, passe esses três dias junto com ela e ao último dia, antes do sol se pôr, venham a mim com a sua decisão." então elas se olharam sorrindo e deram um beijo.

O tempo foi se passando e acabou passando bem rápido. Depois dos três dias de convivência, de amor e alegria, Júlia e Bruna aprenderam muito, tanto uma sobre a outra quanto sobre a vida. Júlia aprendeu a cuidar da casa, cozinhar, lavar, não ser tão apegada ao ouro e as joias que tanto foi ensinada a amar durante toda a vida e a não depender de tanta mordomia. Bruna aprendeu a gostar de algumas coisas mais femininas que nunca se interessou, aprendeu também a ser mais sensível, demonstrar mais, ser mais carinhosa ... a classe de um cavaleiro, uma princesa que ensinou e as responsabilidades de uma dama, um cavaleiro ensinou. Aprenderam uma com a outra, cuidaram uma da outra, amaram uma a outra, mas chegaram no último dia e precisavam falar com a rainha para apresentar sua decisão. Saíram de manhã cedo, para antes de ir para o castelo, sentaram-se uma última vez à beira do lago para se decidir. "Eu não posso ficar sem ti, Júlia! Não posso! E essa ideia da tua mãe me machuca ainda mais... agora é que eu não posso mais me separar da mulher que é perfeita para mim em todos os sentidos!" Bruna falava andando de um lado para o outro na frente de Júlia que apenas observava ela ficando cada vez mais nervosa "Bruna, calma! Eu também não quero ficar sem você, mas eu tenho de continuar a coroa!" ela argumentava com os olhos marejados e voltando a vista para o chão. "É, eu sei..." Bruna se sentou ao seu lado e deitou sua cabeça ao seu ombro "Mas eu não quero viver longe de você." Júlia levantou a cabeça, sorriu e a beijou com toda a emoção que podia juntar, como se aquela fosse a última vez que a beijaria.

Bom, ela estava certa. Quando chegaram ao castelo, descobriram que Érica estava muito doente e Júlia teve de assumir o trono o quanto antes para que sua mãe pudesse descansar e melhorar. Isso a deixou extremamente ocupada, todos os problemas do reino, as visitas reais, e todas as obrigações a deixaram sem tempo para ser mais presente para com Bruna. Acabou que, na loucura das muitas responsabilidades caindo de uma vez só no colo de Júlia, dois meses após assumir o trono um reino próximo declarou guerra e Bruna, como um dos principais cavaleiros, foi mandada para a linha de frente, sob ordens do seu superior.

Júlia ficou arrasada, não teriam tempo de se despedir, muito menos qualquer oportunidade que seja: Bruna tinha que treinar mais do que de costume além de ter de preparar suas coisas e seus soldados para a batalha, enquanto Júlia mal podia sair do palácio. Estava coberta de obrigações até o pescoço, tinha de ficar com sua mãe, escolher um marido, que pudesse engravidá-la, e assumir a coroa, caso este que aconteceria em uma semana. Três dias após a partida do exército, a rainha piorou e Júlia estava cada dia mais deprimida, já que, ao que o tempo demonstrava, ela iria perder as duas pessoas que mais amava de uma só vez e ainda teria de se casar com um homem nobre qualquer. Homem este que se mostrou ser um Lorde. Lorde Giorgio, conhecido pelo lugar por ser extremamente sério e rico, e o único homem da nobreza que teria como aceitar uma proposta tão séria num prazo tão curto e sem muita cerimônia, mas ele já era um homem mais velho, com idade para ser quase seu pai! Mas era sua única saída. Então, se casaram, Júlia assumiu o trono e um ano e meio depois ela conseguiu estabelecer a paz com o reino o qual estavam em guerra, mas quando soube que a maioria dos envolvidos, de ambos os lados haviam morrido ou estavam gravemente feridos, Júlia já perdera as esperanças.

Os sobreviventes chegariam em cinco dias, o que acabou sendo tempo o bastante para descobrirem que Júlia estava grávida de dois meses. Aquele havia sido seu sonho por muito tempo, mas agora estava dividida, pois ao mesmo tempo que estava muito feliz por sua pequena sementinha de vida, mas também estava se sentindo muito por baixo. Estava sem sua mãe, que acabara por falecer no início do ano por conta da doença, sem a menina que ela tanto amava e que, a princípio, morrera em batalha, e seu marido era um homem terrível, bebarrão, sujo e violento que já a ameaçara diversas vezes nos seus dias de alcoolismo. Ela só aceitava passar por tudo aquilo, não só por sua mãe, mas como porque as feições de Bruna eram semelhantes as dele, o que mantinha sua memória sempre viva. Quando os sobreviventes chegaram, foi organizada uma grande festa na vila, e por parte do palácio, uma recepção para honrar seus heróis foi preparada. A própria rainha Júlia estaria presente para premiar os cavaleiros com o título de alta nobreza e aos seus subordinados com o título de campeões. Aquele seria um dia difícil para nossa rainha, ter que enfrentar de frente uma das maiores tristezas que sentia. Antes da cerimônia, ela chamou Natasha e foram caminhar pelos jardins. "Eu não sei se vou aguentar, Natasha! Você não compreende! Este assunto já mexia comigo normalmente, e agora que eu tenho esta criança dentro de mim eu... eu não vou conseguir encarar os guerreiros que tinham total lealdade à ela, SEM ELA!" ela falava soluçando em meio as lágrimas que teimavam em cair "Calma minha ama! Eu já olhei aqueles que voltaram, não sobraram muitos dos comandados pela senhorita Bruna... mas os que sobraram com certeza vão animar a senhorita!" ela falava com um ar mais animado, mas sua face dizia que ela estava omitindo alguma coisa.

Mas tentar animá-la não funcionou muito bem "Como eu poderia me animar? Que Deus me perdoe, mas eu preferia que todos tivessem morrido se meu cavaleiro pudesse voltar! Mesmo que eu já não pudesse cair em seus braços e viver ao seu lado." assim que disse isso, caiu num choro compulsivo. Mal respirava, em meio ao mar de lágrimas sussurrava "quero o meu amor de volta...". Algumas horas se passaram e chegara a hora de receber os sobreviventes, alguns entravam pelos muros usando bengalas ou eram carregados pelos familiares, outros traziam ataduras na cabeça ou no braço, um ou outro ainda vinha com um tapa olho, mas todos com um olhar vitorioso e o sentimento de orgulho estampado no rosto. Se preparavam para entrar no palácio, senhores a frente, apesar de nenhum ter sobrevivido, cavaleiros logo depois, restaram apenas quatro dos vinte vassalos que partiram para combate, e por último, os soldados. Vieram apenas cento e cinquenta dos dois mil homens que partiram. Foram entrando exatamente nesta ordem, Júlia esperou que todos entrassem e começou um discurso sobre honra, dever, valor e amor. Quando terminou ela pediu para que, um por vez, os cavaleiros fossem até ela. O primeiro, era Sir. Norbert, o grande, conhecido pelo seu tamanho e força. Ele acabou sem uma perna após a batalha.

O segundo, Sir. Eduardo, o justo, trabalhava com a segurança do palácio, era rígido com os ladrões e bandidos, ao mesmo tempo que era muito gentil e bondoso com os trabalhadores e inocentes, voltou com um tapa olho e com o braço fraturado. O terceiro, Sir. Marcus, o príncipe de Valência, era conhecido como um bravo conquistador, era o que costumava liderar as expedições de conquista, voltou manco e com uma faixa envolta sua cabeça, acabou perdendo uma boa parte de sua memória. E por último, o que garantiu a sobrevivência da maioria dos que voltaram, e aquele que quando levantou o rosto após sua reverência, a rainha perdeu o fôlego e quase se jogou em seus braços "Sir. Bruno... o estrategista. Primogênito da família di Herrero..." ela citou aquelas palavras com seu coração disparado e uma lágrima descendo pelo seu rosto. Ela estava vida! Voltou com várias cicatrizes pelo corpo e mancando da perna esquerda, mas ainda com o brilho no olhar quando seus olhos encontraram o de Júlia, mas não sorriu. Ao contrário, quando viu aquele homem horrível sentado no trono ao lado do de Júlia, bebendo e viu sua barriga maior, Bruna ficou séria. Ficou de pé, agradeceu a sua majestade, e voltou ao seu lugar.

Júlia ficou sem entender, mas assim que percebeu para onde Bruna estava olhando, entendeu, ela estava com ciúmes. Quando a parte séria terminou, todos deixaram o grande salão e foram para a vila, onde aconteceria uma grande festa, todos foram correndo, até mesmo o Lorde Giorgio. Todos, menos Júlia, ainda sentada em seu trono, e Bruna, em pé, de frente para o grande portão aberto, sem mover um músculo, e Natasha, que olhava para a princesa e para Bruna, alternando, até Bruna olhar para trás, acenar com a cabeça para Júlia e para ela e sair andando com a cabeça erguida mas com uma expressão séria e as mãos para trás. Júlia ao mesmo que estava feliz, estava com um vazio. Bruna estava chateada com ela por ciúme, mas ela sabia que foi por obrigação! Ela precisava ao menos tentar conversar com Bruna e explicar tudo o que aconteceu enquanto ela estava fora, então pediu a Natasha que no dia seguinte convocasse a senhorita Bruna para que elas pudessem conversar mais uma vez no lugar onde se apaixonaram. Com certeza aquilo a amoleceria o coração e tudo voltaria a ser como antes, com a exceção de um detalhe ou outro, mas tudo ficaria bem. Ou, era o que ela achava.

No dia seguinte, Natasha foi até a casa de Bruna para convocá-la ao palácio, assim como vossa majestade havia ordenado, ela saiu cedo, mas quando chegou lá, Bruna já havia saído, apenas Jonas ainda estava em casa. "Jonas? Onde está sua irmã? Ela precisa me acompanhar até o palácio urgentemente." Natasha perguntou desesperada "Ah, olá Natasha, a Bruna saiu faz uma meia hora pra treinar, ela não estava nada bem ontem, mal dormiu e saiu muito séria, nem tomou café. Aconteceu algo com a rainha?" Jonas falou com um ar triste segurando a porta entreaberta observando-a a sua frente "E-ela está bem mas precisa conversar com a senhorita Bruna." ela comentou e abaixou o olhar por um instante, quando levantou o rosto novamente, encarou Jonas nos olhos e meio tímida perguntou "Você... não poderia me levar até o campo de treinamento dela, poderia...?" Jonas suspirou profundamente fechando os olhos e quando abriu, deu um sorriso de lado e concordou com o pedido dela. "A sua sorte, é que eu sei o quanto as duas precisam uma da outra, mas ela não está nada bem." ele disse fechando a porta e saiu guiando-a pela vila até uma grande área aberta onde havia apenas um cavaleiro, sem armadura, apenas com uma camisa sem mangas colada ao corpo pelo suor e sua calça folgada de treinamento, era ela.

Estava lutando com os manequins de treinamento como um verdadeiro bárbaro, decapitando e destruindo todos, com um olhar furioso e quando terminou de destruir os manequins foi correr pelo campo, mas antes de dar completamente a volta pelo campo, percebeu que estava sendo observada, então ela parou, caminhou até a cerca onde onde estavam parados Jonas e Natasha "O que estão fazendo aqui? É perigoso para camponeses, sabiam?" ela falava ofegante ainda com um ar de chateação. Natasha explicou o que a levou ali e que ela precisava levar Bruna até a rainha, ela, por sua vez, apenas olhou para Natasha, ficou séria, agradeceu o trabalho que teve para ir até lá, "Mas eu prefiro não atrapalhar a vida de vossa majestade, ainda mais agora que está casada e a espera de uma criança. Agora, se me dá licença, tenho de continuar o treino..." e se despediu. Natasha ainda tentou argumentar, mas Bruna saiu em sua corrida com os olhos marejados e Jonas acompanhou Natasha até o palácio e se despediu, voltando para casa. Júlia começou a chorar quando ouviu a notícia que sua dama de companhia trouxera, ela não queria nem conversar! Júlia não podia acreditar no tamanho do ciume de Bruna, nem dava a chance de se explicar? que sem noção! Mas Natasha deu-lhe uma ideia.

Ela sugeriu que a rainha colocasse um veneno feito de uma determinada fruta que se parecia muito com uma uva no vinho do rei, e que assim que ele se deitasse para dormir, ela fugisse para viver com Bruna. Natasha lhe daria cobertura e ajudaria a sair sem que fosse notada, e assim fizeram. Levou três dias para que conseguissem o veneno, e assim que pôs as mãos no frasco, Júlia se preparou para cumprir o plano. Naquela noite, os nobres se reuniram para o jantar e todos os homens estavam bebendo e falando alto com a barriga cheia de carne e pão e as bocas cheias de vinho. Então, dizendo que estava cansada e que ia se deitar, pegou a taça de seu marido e derramou todo o líquido do frasco enquanto disfarçava virando juntamente uma garrafa de vinho. Despediu-se de todos, e recolheu-se ao seu quarto, organizou algumas poucas coisas numa trouxa de roupas e fingiu que estava dormindo. Quando o Lorde chegou no quarto, bêbado, apenas caiu na cama e adormeceu, roncando bem mais baixo que o normal e respirando de forma falha. Então, ouviu uma batida na porta, era o toque que ela e Natasha haviam combinado. Ela saiu em silêncio, disfarçada e vestida como camponesa e saíram sorrateiramente pelos fundos do castelo.

Quando conseguiu sair do castelo, Júlia fugiu pelas sombras até chegar na casa de Bruna, mas tomou um susto quando chegou a porta. Bruna estava preparando seu corcel para viajar, estava colocando um cesto com frutas do lado esquerdo enquanto Jonas segurava uma tocha para iluminar o trabalho. Então ela foi se aproximando quieta. "Tem certeza disso, Bruna? Não quer que eu vá com você?" Jonas perguntou com um ar preocupado e meio cabisbaixo. "Obrigada, Jonas, mas não. Você já tem uma vida aqui, já trabalha e vai ser difícil pra você se encontrar uma oportunidade tão boa num outro reino. Eu apenas não posso mais ficar aqui. Estou me matando por dentro acordando todos os dias e vendo a mulher que eu tanto amo entregue a um outro qualquer. Eu preciso partir e encontrar alguma outra aventura para tirar isso da minha mente." ela falava com um jeito triste e o olhar distante. Foi quando Júlia finalmente tomou coragem e a chamou, Bruna se virou assustada mas assim que seus olhos encontraram os de Júlia, brilharam e ela não conteve o sorriso "J-júlia..."

Ela correu e a abraçou, e naquele abraço, nenhuma das duas conseguiu conter as lágrimas, nem se contentar com o abraço. Júlia segurou o rosto dela e a beijou novamente com toda a emoção que poderia juntar, e quando separaram seus lábios, Bruna ao mesmo tempo que estava extremamente feliz, estava estranhando. O que a rainha de um dos reinos mais ricos estava fazendo ali, vestida de camponesa em frente a casa de um cavaleiro de vida simples. Então entraram, e Júlia explicou tudo o que havia acontecido e ignorando os gritos surpresos de Bruna e Jonas ela disse que ouviu que Bruna pretendia viajar. "Me perdoe por ter escutado a conversa alheia, mas... eu... gostaria de ir com você. Apenas mudando o intuito da nossa viagem, ao invés de ser uma fuga contra o amor, que seja uma fuga a favor de nós duas e do NOSSO filho. Você aceita?" ela foi falando animada mas terminou a frase olhando pro chão. Bruna olhou para Jonas, depois virou novamente para Júlia, levantou seu rosto segurando pelo queixo e a beijou delicadamente. "Vamos montar nossa família num lugar de paz."

E assim, elas partiram para a área onde hoje seria a Itália. Bruna continuou sendo um cavaleiro nobre, Júlia se adaptou a uma vida simples criando seu filho, cujo nome era Pedro, com todo amor do mundo e cuidando da casa simples que construíram. E assim, encerro esta história sobre como duas moças acabaram juntas na época medieval. Moral da história? Existem finais felizes até nas histórias mais impossíveis, não desista do seu.

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